29 de set. de 2011

Um colírio para a mente

   Às vezes desejo esquecer-te. Às vezes desejo. Mas quanto mais descarto, mais fixa na mente. E fortifica. Constrói, aos poucos, um forte indestrutível. Um abrigo para o sonho medroso. A vontade desmedida de ser correspondida.
   
         Queria que o sol acordasse. Não a mim, mas a ele mesmo. Afastasse de si o receio. A preguiça indesejada de doar luz. Chacoalhasse as trevas que circundam o belo. Que desentortasse as curvas, formando uma linha reta que não leve ao esquecimento.

     - O que quero afastar já faz parte de mim. Não consigo mais. É como corte profundo cuja cicatrização independe da minha vontade... Mas depois desaparece. E pode ser que, infelizmente, você também vá.
       - Mas não é isso o que tu querias?
       - Não. É o que eu achava que desejava.                                                    


by Rachel Nunes*


Imagem: weheartit

2 comentários:

Maya Quaresma disse...

Não teve como não pensar em certas coisas em que vivi, e em certos pensamentos meus, com teu escrito. E eu também penso mais ou menos igual a ti. Gostaria de esquecê-lo. Ah...como gostaria. Mas depois de um tempo percebi que isso era em vão. E que, de certo modo, em algum momento, ele me fez feliz. E não quero apagar bons momentos que tive. Mesmo que não signifique mais nada para ele.

"Queria que o sol acordasse. Não a mim, mas a ele mesmo". Nem vou comentar esse trecho. Ele já diz tudo!!!

Beijos meu anjo, e obrigada por teus belos comentários no Sob a luz da lua!

Anônimo disse...

Nessa vida a gente só acha, só tenta. No horizonte sempre vai existir alguma coisa indefinida, não há colírio que deixe nítido.