16 de jun. de 2013

Passeio

imagem: weheartit


Campo minado,
Mina sem ouro,
Rio pacificado.

Chuva branca,
Solo platinado.

Caminha na alma,
A criança sonhadora.
Brinca no coração,
Corre ao som da nova canção
Que arde no peito,
Move a tristeza,
Perturba o silêncio.

Escuridão de um espírito muito, muito claro.
Claridade de uma noite tão, tão escura.

Acende a vela do sorriso, que a pena escreve
Um rastro de palavras invisíveis,
Um brilho diferente que aqui (sempre?) esteve.


by Rachel Nunes

19 de mai. de 2013

Um nada tão doce...

imagem: weheartit



As folhas até balançavam
Mas pelas luzes não dançavam;
Através dos mares escorregavam
Mas da margem não passavam.

Em mim, adormecia
Todo o furor que não cabia
Toda corda que não cedia
Todo sol que não amanhecia.

Em ti, tudo fluía...
A aspereza que mentia,
A cegueira que sorria,
A intensidade que sentia,
A aurora que não fingia.

Apesar de tudo,
Com nada fiquei.
Como um diamante na sombra,
Eu brilhei:
Verdades sem cor,
O engano e seu sabor.

(Rachel Nunes)



28 de mar. de 2013

Uno




imagem: weheartit



Quando o perto for raso,
A pedra afundar e bater,
Queimar e sufocar
Todas as belas paisagens que já beijei,
Toda calma que nunca senti,
Aí sim, saberei o quão profundo há em mim.

Não quero tão cedo perder a superfície.
Muito longe é muito fácil de ceder.

Conheço tudo que não quero esquecer,
Não desejo nada que precise ver.


by Rachel Nunes*

24 de jan. de 2013

O peso de quem voa

imagem: weheartit


Lá estava:
Pisando em espinhos,
Pintando flores
(Sem cor)
Amassando papéis de carta,
Enviando ar por baixo da porta,
Em sonhos, fabricando chaves,
Nos olhos, destacando verdades.

O que será desta mulher que não desiste?
Haverá ela de ver o que não há,
Só para mandar
E tentar
Ser, talvez, quem sabe,
Sendo doce,
A metade de um limão?

Terá que padecer
Para ser,
Além de viver,
Uma gota do rio
Ou a magia de um assobio?

Terá que esperar
O sangue coagular
Na mente sofrida
Estancar tudo o que restar
Até que o remédio chegue
Numa embalagem descartável
Enviada por caridade?

Acaso este é o destino da luta:
Buscar até o fim,
Perseguir com olhos abertos,
Mão atadas e coração partido?

Acaso os espinhos não poderiam ser macios
E a vida menos dura?
Quanto tempo dura,
Quando virá a cura
Para continuar buscando
Enquanto sorri sangrando
E corre atrás dançando?

Este, o medo de quem reprime,
A fonte de alegria dos que gritam,
É a fraqueza de quem bate.
A mão que açoita ao dia
É a mesma que enxuga as próprias lágrimas à noite;
Pela ausência de motivos que a vida encontra,
Pela inveja do brilho no semblante de quem muda
E evolui;
De quem chora, porque o respeito é nulo
Mas ri, porque a esperança é muita.
De quem tem fome

E  grita.

Mas não se desespera,
Porque o que é bom vem com luta,
O que não serve,
Vem com defeito
Ou sem busca.


(Rachel Nunes)

14 de jan. de 2013

Por um fio



Perdendo...
O ar, por uma fumaça pura.
A calma, por uma agonia que cura.


Ansiando...
Por uma sombra,
Por um frio,
Por um sol que nasça,
Por uma fala.

Ganhando...
A corrida, por uma légua a mais.
A batalha, por um grito a menos.
A paz, por uma luta justa.
A salvação, por uma causa perdida.

Entregando...
O cansaço, por uma recompensa.
A tristeza, por um sorriso.
O equilíbrio, por um fio.


(Rachel Nunes)



imagem: weheartit

15 de dez. de 2012

Via estreita


imagem: weheartit




Como chegamos até aqui?
Eu sei que parti.
Lembro que calei,
Entendo que não escutei,
Não ouvi o que pensei.
Machuquei, mas não sei o que falei.

Eu sei...
Não digo.
Eu assumo...
Não minto.
Eu paro...
E sigo.

Eu sinto,
Você entende.
Eu pulso,
Nada treme.

Não adianta,
É forte.
Não fique,
É morte.

Não prenda,
Já foi.


O que significa uma falta para o que sobra?



by Rachel Nunes*

30 de nov. de 2012

(In)acabado

imagem: weheartit


Inquietava.
Não era ruim, eu sabia.
Não havia compasso, mas eu andava.
Às vezes, caía no seu abraço e


C
A
Í
A
...


Alguma brisa arrastava,
Varria da alma
E despejava:
Caminhos azuis,
As feras do passado;
A risada alta do desespero.

Espero...
As folhas bagunçadas pelo vento.

O mal insistiu na cabana arruinada.
Vi o manto preto cair mostrando o sol
 E a parede subir trazendo a escuridão parada.

O quadro balançou,
Eu pensei numa saída.
A porta bateu,
Você saiu... 

A partida.

Nas ruínas,
Destaquei borboletas,
Engoli brilhos para ver se eu via
O bem que antes sumia.
(Não me enganei, existia).


Sim, eu tinha:
Todas as armas,
Toda magia;
Nenhuma coragem,
Alguma força.


by Rachel Nunes*