Sou folha rasgada, que, com o toque de uma brisa suave, dança freneticamente como se não possuísse vida. Mas será mesmo que não possui? Quem foi que disse isso? Pedaço de folha não pensa. Se o faz, já não é mais. E passa a ser o quê? Talvez folha viva, ou até algo que sinta e escreva. Até cair, de vez em quando, num poço perto do lago da realidade. Boiar na água parada e ter a sensação momentânea de que já não existe mais.
Até descobrir que o poço também contém o real. E que, a mesma brisa suave que a transportou até ali, será aquela que a levará gentilmente para outro jardim. Onde as curvas do vento que arrancaram sua parte, completem-na novamente.
Folha que nasceu para ser inteira não resseca metade.
by Rachel Nunes*
3 comentários:
Em algum chão hemos de renascer.
Uma folha de outono rasgada a meio pelo vento e levada pela brisa, encontrará sempre a outra metade... como duas bocas que se desejam!
Beijos!
AL
Levada pelo vento a folha seca traça seu curso e descobre em si mesma mais vida do que pensava ter.
Amei demais sua metáfora, Rachel, poesia pura.
Beijos!
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